Como nasce e morre um jornalista – Parte final

Em um dos primeiros textos neste blog, falo sobre a profissão de jornalista e como me tornei uma, antes mesmo de conquistar um diploma.

Aliás, esta é uma polêmica da profissão, desde que, em algumas empresas, o diploma passou a não ser mais necessário para exercer a função. Em toda a minha carreira, só precisei apresentar o certificado de conclusão de curso, quando assumi o cargo de jornalista efetiva na prefeitura da minha cidade.

Antes disso, como tantos outros profissionais da área, pude exercitar meu ofício nos mais diversos veículos e entidades, aprendendo “da vida” aquilo que nenhuma universidade do mundo poderia me ensinar.

Durante os 14 anos em que atuei especificamente como jornalista, ignorei a depreciação constante da minha profissão. O cenário não era dos mais favoráveis e a região em que eu atuava não ajudava muito. Mas eu nunca cogitei parar.

Como você para um sonho?

Assim, continuei.

Não mudei de cidade e nem de profissão.

Fiz de tudo.

Fui assessora de imprensa, redatora, editora e revisora.

Busquei aprender tudo o que precisava saber e que pudesse agregar valor à minha carreira. Fiz algumas pós e especializações. E sempre buscava me inteirar de todos os pormenores dos segmentos onde atuava. Se era o serviço público, precisava entender de leis, de projetos e orçamentos. No futebol, buscava saber sobre regras, penalidades e classificações.

Nesse tempo aprendi muita coisa. Mas a principal delas é que, em um mundo de tantos “especialistas” não vai faltar quem queira ditar o que somos e o que faremos em nossos exercícios profissionais. Mas que, ninguém, a não ser nós mesmos, irá lutar pela valorização da nossa profissão. Em lugar nenhum do país. Nem do mundo…

Eu sempre briguei pelo direito de ser jornalista, porque sei exatamente do que abri mão para isso.

A verdade é que eu sempre tive verdadeira paixão pela minha profissão. E nunca tive dúvidas sobre a carreira que queria seguir.

Então, como explicar que a jornalista dentro de mim morreu?

O fato é que tudo aquilo que não muda, se torna inerte. Algo muito próximo da morte.

A estagnação traz uma sensação de fracasso terrível. E eu senti isso. Durante dias, meses talvez, fiquei ressentida com a falta de perspectiva. Queria ir embora para algum lugar, onde me fosse permitido recomeçar. E eu nem sabia para onde… Até que um dia tive coragem de me questionar.

Caminhava para duas décadas na profissão que eu sonhei desde menina… Era mais uma manhã de uma rotina tediosa. Abrir os olhos, tomar café, pegar a estrada e bater ponto. Ligar o computador, abrir o word e escrever matérias institucionais. Selecionar a melhor foto e enviar o release.

Em determinado momento, parei. O cursor piscava na tela em branco. Foi então que me perguntei:

_Será que eu só sei fazer isso?

_É isso o que eu quero fazer para o resto da vida?

Neste dia, a jornalista começou a morrer.

Iniciava aí a minha transformação.

Demorou alguns anos até encontrar a missão na qual acredito, hoje. E que pode não ser exatamente a mesma que ditará meus passos, amanhã.

Afinal, somos feitos de estrelas, reféns dos ciclos que nos levam adiante, em qualquer época da vida.

Essa é a parte final do meu texto, mas poderia ser o começo. Um trecho vívido e instigante, onde eu me situo como produtora de conteúdo. Onde pontuo textos, ideias e informações em um universo sem limites, para além das plataformas que construí e que ainda existem, mas que não me pertencem mais.

Jornais que já li, que outros também leram, mas que hoje são mais adequados às gavetas da experiência.

O espaço onde escrevo é outro. Páginas infinitas que podem ser lidas enquanto escrevo, aqui ou do outro lado do mundo, em tempo real. Textos capazes de levar informação, reconhecimento e resultados para meus clientes.

Se isso é a morte ou o renascimento do jornalismo, não importa.

O que eu pude perceber é que esta nova perspectiva da profissão consegue fazer a diferença para o mercadinho da esquina, para a padaria ou para a manicure que atende a domicílio, da mesma forma que faz para as grandes organizações.

A estratégia é a mesma, o olhar é que precisa ser diferente. “Pensar global, agir local. ” Não foi assim que aprendi nos primeiros dias de faculdade?

E o mais importante… as pessoas já estão se dando conta disso.

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