Histórias de dentista – para quem não dispensa uma boa prosa

“Era menino ainda, dez, doze anos e vinha vindo, a cavalo, quando topei com um carreiro e seus bois”. Assim começa o relato de um amigo, bom de prosa e no seu ofício de dentista. Tenho frequentado seu consultório e, com isso, tido a chance de ouvir boas histórias.

Dessa, não me lembro bem os detalhes, mas sei que falava da obediência dos bois ao seu guia. E mais ainda, da segurança do condutor em saber que a sua voz seria entendida pelos animais. Tudo dependendo exclusivamente do tom que ele pusesse na fala.

Saí de lá pensando na sabedoria daquele homem, tão comum à de pessoas do seu tempo. Gente que, mesmo sem leitura, sabia se comunicar e se fazer entender. Isso porque falava com simplicidade e sem rodeios.

Fiquei matutando nos ruídos existentes nos diálogos de hoje em dia, que impedem pessoas letradas de se expressarem adequadamente. Que abafam tanta instrução e ciência, porque se enfeita demais a fala e se esquece do sentido do discurso.

Pensei nas pessoas que parecem gritar no deserto, por toda a vida. Gente que não sabe se comunicar com outras pessoas, que dirá com os animais.

Crédito da Foto: Flávio Augusto Teixeira

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